Um relato não autorizado

21/11/2012 17:46

Estou transcrevendo partes de meu livro que seria lançado em março de 2012, mas que por questões espirituais não consegui finalizar. Trata-se de um relato de um contato de 4º grau ocorrido em março de 1981 e que mudou a minha forma de pensar sobre o universo e a criação.

 

Não tenho autorização para escrever as linhas que seguem, mas sinto-me na obrigação de divulgar os fatos aqui descritos, mesmo que não esteja aqui quando estiverem publicados.

Os nomes dos personagens aqui descritos são fictícios à fim de preservar a integridade física e psíquica dos personagens reais que serão abordados neste livro.

 

Nasci em uma família humilde de classe média baixa de Montes Claros, interior de Minas Gerais, filho de uma contadora e de um auxiliar administrativo, não tive muitas escolhas, aprendi que só trabalhando conseguiria alcançar e realizar meus sonhos. Aos 12 anos trabalhava num ferro velho baldeando e pesando sucatas, já tinha noção do certo e do errado e com esta idade já administrava parte dos negócios de um empresário do ramo de recicláveis.  Estudava a 7ª série colegial no período da manhã e trabalhava no período da tarde.

Num final de tarde de Março de 1981 cheguei em casa exausto, após mais um dia de trabalho no ferro velho. Minha mãe já chegara do trabalho e, como sempre, me recebeu com um abraço e sorriso acolhedor. Havia trabalhado muito naquele dia, pois era dia de carregamento do caminhão que levaria a sucata para Belo Horizonte, passava das 19:00h já havia me lavado, alimentado, estava em meu leito me preparando para uma prova na escola que aconteceria no outro dia.

Enquanto isto, há 14 Km de Montes Claros, Francisco, um caseiro, fumava um cigarrinho de palha sentado num banquinho rústico de madeira à porta do casebre onde morava, admirava  as estrelas do céu  e o gado que estava deitado no terreiro. Francisco era caseiro de uma fazenda de criação de gado à beira do Rio Verde Grande. Era um homem simples com pouco mais de 30 anos, vivia com sua mulher e dois filhos, João de 8 anos e Carlos de 7  que o ajudavam nas tarefas da fazenda.

Pouco mais de 2 Km dali vivia Teovaldo, pequeno agricultor com pouco mais de 40 anos que administrava sua pequena roça de milho e mandioca, criava galinhas e mantinha algumas cabeças de gado leiteiro para fabricação de queijo, era o sustento da família. Já estava casado há 15 anos com Lúcia e tinham 4 filhos, Jacinto com 14, Cecília com 12, Jarbas com 8 e Jonas com 4 anos. Também era um homem sem instrução, estudou até a 4ª série primária e herdara a pequena terra de seu pai.

A noite estava quente, céu limpo e estrelado. Vendo que a noite estava clara, Francisco resolveu andar alguns metros até à beira do Rio para armar uma pequena rede e garantir o almoço da família no dia seguinte.

Teovaldo, que também sentara à porta de sua casa para ouvir uma estação de rádio AM de Montes Claros, queria apenas ouvir as notícias do dia e esperar o sono chegar para se recolher com a família.

O que Francisco, Teovaldo e suas famílias viram e estão relatadas aqui foram manchetes nos principais jornais de Montes Claros no dia seguinte ao fato.

Após armar a pequena rede num pequeno braço do Rio Verde, se preparava para calçar sua sandália quando sentiu que algo muito anormal estava acontecendo, sentiu um pequeno zumbido no ouvido e notou que a água refletia uma luz azulada, tinha a sensação de estar sendo iluminado por uma grande lanterna. Olhou para o alto e entre as copas das árvores percebeu que um grande objeto circular pairava sobre o local onde estava. Naquele momento, movido pelo medo e pela dúvida do seria aquele imenso objeto, pensou em se jogar no rio e tentar se esconder, mas pensou em sua família e no que poderia acontecer a partir dali. Subiu correndo barranco acima, em meio a arbustos e pontas de gravetos, escorregando com o atrito de seu pé úmido sobre a sandália,  numa tentativa desesperadora de encontrar logo a sua família. Somente após subir o barranco e chegar a parte alta Francisco teve a dimensão real do que estava sobre ele: - Era um disco enorme, cobria o rio de uma margem a outra, tinha aproximadamente 80 metros de diâmetro, emitia uma luz azul clara e um zumbido que não conseguiria descrever algo igual, não incomodava, dizia Francisco. O estranho objeto planava sobre o local e mansamente foi se deslocando, como se procurasse algo pelo chão. Francisco corria em direção a seu casebre e olhava para trás para se certificar que o tal objeto não estava seguindo-o. Quando chegou de encontro a sua família, todos estavam alarmados, pois viram o objeto da porta da moradia sem compreenderem o que estava acontecendo e com temor que o objeto o tivesse levado. Do quintal viram o objeto subir a cerca de 1 Km e sair em disparada numa velocidade que não conseguiriam definir. Estranhamente não ouviram barulho, mesmo com a aceleração brusca da velocidade.

Momentos antes, Teovaldo, sentado à porta de sua casa, notara que algo estava se formando sobre as copas das árvores que margeiam o Rio, pensou que poderia ser uma nuvem azul, mas somente depois se deu conta que se tratava de um enorme disco azulado. Muito religioso e pensando se tratar de algo demoníaco tratou logo de se levantar e correr aos gritos para dentro de sua casa. Pela janela, Teovaldo e família observavam as evoluções do estranho objeto: - Ele ficava parado no mesmo local, depois subia alguns metros e se movia numa direção ou outra, concordava que o objeto estava procurando algo, mas não sabia o que ou por quê. Do local onde estava não ouvia zumbidos, apenas via o objeto enorme em forma de disco que emitia uma luz azulada, não conseguiu visualizar muito bem quando o objeto acelerou e sumiu espaço afora, talvez pela posição em que se encontrava, relatou Teovaldo.

Estava tentando decorar alguns trechos do livro de História, quando ouvi, no outro quarto, minha mãe Carmem conversar ao telefone com meu pai. Dissera que chegaria às 21:00h e que estava levando um peixe para comerem no jantar, pediu que adiantasse o molho e se despediram num tom amável. Meu pai estava trabalhando de gerente administrativo numa empresa de ônibus interestadual, precisava deixar o mapa das passagens pronto e fazer o fechamento do caixa naquele dia. Minha mãe à vezes esperava-o para jantarem juntos. Normalmente chegava em casa por volta das 20:30h, mas naquele dia demoraria um pouco mais.

Estava concentrado em minha leitura e não percebi que já se passara das 22:00h e meus três irmãos já estavam dormindo. Fui até a cozinha e vi minha mãe, com ar de desalento, guardando o molho que havia feito para o peixe, perguntei por quê meu pai não havia chegado ainda e ela docemente respondeu que ele estava trabalhando e que chegaria mais tarde. Compreendi que não seria o momento de questionar muito, já que ouvira a conversa dos dois pelo telefone e ele havia mencionado que chegaria às 21:00h, desejei-lhe boa noite e fui para o quarto onde dormia com meus 2 irmãos, Larissa de 10 anos e Rafael de 1 ano. Meu irmão mais velho dormia num pequeno quarto próximo à sala.

Meu sono estava agitado, em sonho via luzes e acordei por várias vezes com a sensação de querer dizer algo que não sabia ou não entendia. Pela claridade do quarto ao lado vi que minha mãe ainda estava acordada, gostava de ler antes de dormir. Levantei da cama fui até a cozinha com o pretexto de tomar água, passei pelo quarto e perguntei:

- Mãe, ainda acordada, que horas são?

- São 23:30h, meu filho, vá dormir, pois amanhã tem escola!

- O pai ainda não chegou? Perguntei.

- Não, provavelmente passou em algum bar para beber e esqueceu o caminho de casa, disse já nervosa.

Mamãe já estava nervosa com a situação, meu pai, Hermes, foi muito boêmio na juventude e ela receava que esta fase voltasse. Sempre foi um bom marido e pai, mas em virtude da infância sofrida – seus pais abandonaram-no com 5 anos de idade e foi criado e educado pelo avô – foi uma pessoa com temperamento forte, dono de seu próprio nariz. Não era de aceitar conselhos e acreditava que tudo que fazia estava certo.

- Mãe, não durma tarde, boa noite.

- Boa noite meu filho, veja se o Rafael está embrulhado e se o protetor da cama está no lugar, pois ele pode cair.

Voltei ao meu leito de dormir, mas o sono insistia em não voltar. Percebi quando minha mãe levantou e foi até o portão da garagem, passando o cadeado pelo lado de dentro da nossa moradia. Foi até a porta da sala e trancou também, deixando a chave em meia volta para que meu pai não conseguisse abrir por fora, caso deixasse o carro na rua e entrasse pelo portão de pedestre. Senti que o clima não seria dos melhores no dia seguinte, fiz minha oração noturna e fechei os olhos buscando a tranqüilidade e o sono reparador.

Hermes estava ansioso para terminar o fechamento do caixa, o dia foi difícil e tudo que queria era saborear um bom peixe com sua esposa e descansar para o dia seguinte. Contava os minutos para o último ônibus sair e assim fazer o fechamento. Às 20:50h encerrou a venda de passagens e se preparou para ir embora, faltava trancar o cofre, fechar o guichê e entregar o mapa ao motorista que já aguardava na plataforma de embarque. Assim que entregou o mapa ao motorista sentiu um calor interno estranho, algo como se seu sangue estivesse aquecendo e espalhando o calor pelo corpo, conscientemente sentiu uma paz inigualável, como se estivesse morrendo e sendo levado ao criador, no terminal rodoviário foi a última lembrança de Hermes.

Em sonho vi pessoas correndo aos milhares, o céu estava escuro e prateado, havia muita aflição nos olhos das pessoas. Vi duas luas no céu e ao fundo algum planeta ou astro que não conseguia distinguir o que era. Aflito buscava os meus entes queridos em meio à multidão de desesperados. Acordei assustado, pensei ser mais um dos muitos pesadelos que já tive e voltei a dormir.

Ao norte de Montes Claros,  um grande objeto pairava sobre a serra. Estava imóvel e dois objetos esféricos prateados menores  faziam evoluções em volta, como se vigiassem o objeto maior.

Inconscientemente Hermes dirigiu-se até o estacionamento da Rodoviária e entrou no carro, uma Variant 1971. Ainda inconscientemente foi impelido a ligar o veículo e ir em direção a saída da cidade em direção a um frigorífico desativado. Mais tarde Hermes lembrara que por alguns segundos de lucidez, no veículo, uma voz não audível, mas que seu cérebro compreendia que dizia: “Não temas Hermes, viemos em missão de paz”.